Bicicleta minha, bicicleta não mais minha, bicicletou, pirulitou, alguém levou. Pois bem, que esse alguém desfrute do vermelho e do carinho e do ventinho que costumava sentir ao pedalar-te, ó, bici minha, bici não mais minha, que se foi. Faça bom proveito. Você e você. Quem levou, quem precisou da bici, naquela noite turva e confusa. Acabei encontrando conforto em outra, mais velha, que nem me aguentou acompanhar até a casa. Caminhei descalça, sobre asfalto sujo. Pés mancharam meu chão. Ah, bici, bici minha, bici não mais minha. Gostava de ti. Da tua cor, da tua luz. Pois agora já foi. Quem sabe até mais, quem sabe nunca mais. Vai, voou. Agora só esses versos, bici, bicicleta. Viraste memória e palavras.
Meu caderno de flores
terça-feira, 24 de abril de 2018
sexta-feira, 13 de abril de 2018
Garganta do mundo
A sensação de se entregar. A vulnerabilidade. Expor a ferida. Expor a carne. Entender que a minha função é muito muito profunda e muito delicada. Não há tempo a ser perdido com futilidades. Tenho em mim o chorar do mundo. Tenho em mim a imensidão do universo. Quanta responsabilidade.
Busco a paz para poder me conectar com a mais profunda verdade a verdade do centro da terra. A verdade do centro do mundo, das entranhas do mundo. O mistério de que tudo está interligado. Nada escapa. Nada
sábado, 23 de setembro de 2017
O tempo é
Coisa mais linda é acordar, abrir os olhos e enxergar o azul do céu pela janela. A luz do sol entrando e iluminando a parede branca, que reflete mais luz.
O tempo está em mim. O tempo é. Vejo a luz, a cor azul e a cor verde das novas folhas da bétula-alba. Agradeço. Vivo o tempo. Não quero mais nada.
Privilégio é poder perceber, notar, experenciar e assimilar tudo isso.
As folhas do plátano começam a nascer.
Lenta e pesada. Grande.
Tem seu próprio tempo.
É independente.
Trier. 22/05/17
domingo, 17 de abril de 2016
S L O W
#stoptheglorificationofbusy
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
Sereno
A cor é cinza.
A luz é fraca.
Sereno cai e o vento leva, pra lá e pra cá, as gotas leves.
O silêncio é grande.
O pensamento, maior ainda.
Um leve movimento dos galhos, como se me contassem que estão vivos.
Não sei se é manhã ou tarde.
Sereno-chuva cai insistente.
O pensamento cresce para não cair no asfalto, e ficar, molhado, deitado, debaixo de chuva e sofrendo com o frio.
domingo, 5 de outubro de 2014
Tristeza Ping-pong
Não quero escrever sobre isso. Ping.... mas a tristeza tá aí.
Jurei pra mim mesma. Pong.... olha, ela voltou.
Não vou deixá-la ficar. Ping.... ela vem chegando.
Manhosa e sorrateira. Pong... tomar seu lugar.
Giz
Riscos de giz no chão.
Sobre o chão.
Rosa, azul, amarelo.
Traços e relevos.
Revelam a infância, a memória.
O sol bate.
Me aquece. O coração. A pele.
Os olhos e aqueles riscos.
Todos os riscos do mundo e da minha vida.
Todos os riscos tomados.
E revelados.