terça-feira, 24 de abril de 2018

Bicicletou

Bicicleta minha, bicicleta não mais minha, bicicletou, pirulitou, alguém levou. Pois bem, que esse alguém desfrute do vermelho e do carinho e do ventinho que costumava sentir ao pedalar-te, ó, bici minha, bici não mais minha, que se foi. Faça bom proveito. Você e você. Quem levou, quem precisou da bici, naquela noite turva e confusa. Acabei encontrando conforto em outra, mais velha, que nem me aguentou acompanhar até a casa. Caminhei descalça, sobre asfalto sujo. Pés mancharam meu chão. Ah, bici, bici minha, bici não mais minha. Gostava de ti. Da tua cor, da tua luz. Pois agora já foi. Quem sabe até mais, quem sabe nunca mais. Vai, voou. Agora só esses versos, bici, bicicleta. Viraste memória e palavras.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Garganta do mundo

A sensação de se entregar. A vulnerabilidade. Expor a ferida. Expor a carne. Entender que a minha função é muito muito profunda e muito delicada. Não há tempo a ser perdido com futilidades. Tenho em mim o chorar do mundo. Tenho em mim a imensidão do universo. Quanta responsabilidade.
Busco a paz para poder me conectar com a mais profunda verdade a verdade do centro da terra. A verdade do centro do mundo, das entranhas do mundo. O mistério de que tudo está interligado. Nada escapa. Nada